Dawkins e a Tolerância 2.0


O post Dawkins e a Tolerância gerou cerca de 14 comentários. Como isso não é comum aqui neste blog (vocês já notaram que tento não entrar em assuntos polêmicos?), vou fazer um post 2.0 para dar um upgrade na discussão.

A questão central com que me defronto é: qual a diferença entre Positivismo 1.0 


e Secularismo 2.0? 


Ou seja, a questão é, como garantir que o Humanismo Secular não se torne apenas uma versão envergonhada da Religião da Humanidade do Positivismo do século XIX, ou mesmo um Cientismo rasteiro, cuja defesa é feita de forma emocional e irracional em vez de um discurso lógico e coerente. Que medidas concretas estão sendo tomadas para que isto não aconteça? (Sim, eu sei que isto é uma falácia do tipo rampa deslizante, mas uma porção de amigos meus gostam de usar esse tipo de argumento nas discussões sobre religião).


Abaixo, uma nova atitude pró-evolução e pró-ciência mas anti-Dawkins, bancada por  Reinaldo José Lopes do Blog Visões da Vida (Portal G1), Blog Ronaldo Angelini (Bafana Ciência) e por mim mesmo. Quem mais quiser entrar na turma dos divulgadores de ciência "tolerantes", se juntem a nós! Acho que precisamos escrever um manifesto... 

De Reinaldo José Lopes, Blog Visões da Vida: O que tenho a dizer nesta coluna provavelmente não vai agradar a ninguém. Não, não me entenda mal: minha vocação para Cassandra é nula (aliás, minha tendência natural é me desdobrar para satisfazer a gregos e baianos; pergunte a qualquer um). É só terrivelmente desanimador presenciar um debate e ficar com aquela sensação desgraçada de que as pessoas estão passando ao largo do que realmente importa. Para ser menos hermético: falo do chamado movimento do design inteligente, que se apresenta como uma alternativa científica viável à moderna teoria da evolução. Meu ponto de vista é que o design inteligente “não consegue nem ser errado”, como dizia um certo cientista – mas não pelas razões que a maioria das pessoas costuma elencar. 

Mas, antes de dizer por que, vamos deixar algumas coisas claras. Um ponto de vista muito comum entre os que defendem a validade da biologia evolutiva – e é claro que este humilde escriba cerra fileiras com eles, de modo geral – é uma variação do famoso “não negociamos com terroristas”. Leia-se: não discutimos com criacionistas. (E, retórica à parte, está claro que o design inteligente é uma variante do criacionismo.) Pessoalmente, acho que está na hora de tentar outra abordagem. 

O saudoso paleontólogo Stephen Jay Gould e outros já advertiram contra o perigo de dar credibilidade científica aos criacionistas se os levarmos a sério, mas há aí um exagero. Debater idéias, ainda que o debatedor as considereestapafúrdias, é um ato de respeito humano dirigido à pessoa queas esposa; não equivale a uma sanção intelectual daquelas idéias. 

Em diversos posts e colunas, creio ter cometido o erro de soar irônico, desrespeitoso ou simplesmente engraçadinho, assumindo de antemão que o outro lado é idiota, fanático – ou, pior ainda, desonesto. Não dá para descartar nenhuma dessas hipóteses, mas prefiro não mais bancá-las daqui para a frente. A doçura desarma. Está na hora – e digo isso sem nenhuma ironia – de oferecer a outra face. Pelos frutos os conhecereis. Se o outro lado continuar com a mesma ladainha persecutória, apenas provará a má-fé de que já suspeitávamos. Continue a ler aqui.

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